quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cruzeiro pelo Mundo! [1]

  • Voyagger Of The Seas, 3.800 Passageiros e quase 1.200 tripulantes.

 
Tripulante de Cruzeiro!

Uma das mais fantásticas experiências pessoais e profissionais que alguém pode ter é essa de tripulante de navio cruzeiro. Trabalhar com 72 nacionalidades diferentes, conhecer mais de 15 países (confesso que no meu caso dei sorte), ter essa experiência internacional no currículo é realmente muito bom. Normalmente as seleções acontecem em Santos-SP, São Paulo capital ou Rio de Janeiro, mas já existem seleções pelo Nordeste, como Fortaleza, Recife e Salvador.
Existem várias opções de trabalho nos navios, desde o setor da limpeza até Capitão, existem infinitas possibilidades de trabalho, como por exemplo, instrutor de mergulho, fotógrafo, vendedor de loja, jardineiro, dentre as mais comuns no meio turístico como camareiro, garçom, barman, recreador, recepcionista e etc.
A exigência mínima é falar com propriedade (comunicação básica do dia-dia) o inglês, na maioria das cias, e em outras cias, Inglês e a língua de origem da cia, como na Costa Crocciere, da Itália que exige uma noção de italiano. Quanto melhor for seu domínio do idioma, melhor o cargo que você pode pleitear.

A Seleção

Fiz a seleção em Santos-SP, na Work at Sea ( www.workatsea.com ), e foi muito interessante. Após a Pré-seleção com a recrutadora, foi exigido um mini-curso de dois dias (manhã e tarde) ao custo de R$ 75,00. Mas foi muito válido o valor pago, porque no curso foi explicado todas as funções do navio, qual comportamento devemos ter diante as pessoas e que tipo de pessoas iríamos encontrar à bordo. Técnicas e dicas fundamentais para seleção com o entrevistador da Própria Royal Caribbean também foram passadas, tipo “o que ele quer ouvir de você” na seleção final. Sem falar que fui “obrigado” a passar 02 dias em Santos, cidade muito bonitinha, do tamanho de Natal mais ou menos. 
Finalmente, o dia da entrevista com o Douglas, agente recrutador da Royal Caribbean International. (O nome já dava medo). Mas era a única Cia que não exigia na seleção o curso do STCW (Standards of Training and Certification Watchkeeping Convention) que é o curso exigido para todo e qualquer tipo de tripulante de navio do mundo, curso esse que a Royal Caribbean dá para seus tripulantes já à bordo e nas outras Cias pra fazer a seleção é exigido esse curso que custa em torno de R$ 900,00 aqui no Brasil.
Entretanto, ao ser aprovado, ainda existem burocracias a serem vencidas. Os exames médicos saem em torno de R$ 1.000,00 a R$ 1.200,00 reais, e envolve tudo: Sífilis, radiografia do tórax, sangue, urina e até um exame toxicológico de drogas, ou seja, pessoal do reagge aê, bom manerar assim uns 3 meses antes de fazer rsrs.
Outra burocracia, mas menor é a do visto. C1-D é o tipo de visto para tripulantes nos EUA. Paga-se uma taxa de R$ 50,00 para câmara de comércio americana, no consulado mais uns R$ 190,00 a R$ 250,00 reais e mais R$ 7,00 do SEDEX pra enviarem seu passaporte. A entrevista não tem nada de mais, é só não inventar nada e sempre dizer a verdade, que vai trabalhar como tripulante e só. Em 2, 3 dias o passaporte com seu “VISA” já está na sua casa.
A principal agonia de todo o processo é a espera de ser chamado. Aprovado, com tudo ok, fica a demora de ser chamado pra algum navio espalhado pelo mundo! Você pode ser chamado no dia seguinte para embarcar pra China ou Alaska, como demorar 6 meses pra embarcar em Santos mesmo. No meu caso, 2 semanas depois, estava em Guarulhos embarcando para Houston, pegar o navio na cidade de Galveston, onde tudo começa...

Primeiros Dias...

  • Cabine do tripulante

 
A primeira impressão que temos é completamente diferente do que imaginávamos. O luxo e Glamour que se pensava de um navio cruzeiro acabam na entrada (entrada dos tripulantes). A parte de baixo do navio é toda ocupada pelos tripulantes, os quartos não têm janelinhas, normalmente se divide em beliches com outro tripulante do mesmo setor de trabalho, mas as cabines são bem confortáveis, com ar, Tv a cabo, frigobar, chuveiro quente, o refeitório fica 24h aberto, café, almoço e 2 jantares são servidos diariamente, mas fica sempre aberto com frutas, cereais de todos os tipos, sucos, café, leite também são à vontade e nunca falta nada. No fundo do navio tem 2 bares, o Crew bar que todos podem freqüentar e o Staff bar que é praqueles cargos altos como Hotel Director, Capitão, e essa galera da alta roda do navio. Funcionam das 15h mais ou menos até amanhecer.

  • Crew Bar, com a brazucada 


Começa a aventura, Galveston – Cozumel!

  • Pirâmides Maia

  • Praia

 
Embarcamos de Galveston-Texas rumo à Cozumel no México. Galveston é uma ilha pequena, com aproximadamente 50 mil habitantes, mas com um movimento portuário intenso, por estar no meio do golfo do México.

  • Galveston, Texas

 
Após 03 dias navegando (nesses dias que os tripulantes mais trabalham, o navio está lotado), num mar não muito calmo, chegamos à Cozumel México. O México é um país muito parecido com o Brasil, na economia, na política, na colonização etc. Mas Cozumel é uma ilha que fica na península de Yucatán onde ficaram as civilizações pré-colombianas Maias e Olmecas, as pirâmides, sítios arqueológicos e muita coisa histórica pra ver. Um dia só é pouco para visitar e conhecer tudo, há muito o que se fazer em Cozumel durante o dia e à Noite, onde a bala é quente, regada a muita tequila e salsa, nos vários bares da orla.


Honduras

  • É isso que se vê de Roatan de cima do navio
 
Após sair do México, o rumo era Roatan, Honduras, país paupérrimo, mas com uma beleza natural que lembra muito o Brasil. Roatan também é uma ilha, foi colônia britânica e espanhola, e lá se fala os dois idiomas, mas o inglês é horrível de se entender, porque é misturado, como um Creoulo. Lugar fantástico para mergulho. Comida apimentada, com muitos frutos do mar e como na maioria do caribe, o Reagge domina.

Jamaica

  • Ocho rios, Jamaica

 Durante todo o cruzeiro só pude ir à Jamaica por duas vezes, pois foram duas rotas diferentes do calendário do Voyagger of The Seas. Montego Bay, onde tem a praia Doctor´s Cave Beach e Ocho Rios, cidade que tem um mausoléu do Bob Marley que vale a pena visitar. Cuidado com informações de pessoas estranhas e que te ofereçam alguma “Erva”.  Infelizmente fiquei em Ocho Rios por 4h só e não posso dar maisinformações do que essas sobre a Jamaica.

  • Estátua do velho Bob, na frente do mausoléo, e uma lojinha típica


  
Grand Cayman Islands


 
As Ilhas Cayman, são um território do Reino Unido e para entrar lá, só por navio cruzeiro ou com visto do reino unido. A moeda é o dólar da Ilha Cayman que dá o equivalente a R$ 2,00. Paraíso fiscal, lá tem muito é banco, são 600. Entre os lugares dignos de visitar está East End, primeiro assentamento da ilha. Os clubes musicais como o Tartaruga Clube são típicos e divertidos. Na mesma costa e ao lado das estradas pode-se admirar os famosos gêiseres, jatos de água que saem das rochas e, também chamados de jatos sopradores. A Granja das Tartarugas, única no mundo, é um lugar onde pode-se admirar tartarugas verdes de todas as idades e tamanhos. Algumas têm até 100 anos.

  • Os Gêiseres e a granja das tartarugas



 
Miami, última parada!

 
No meio do meu contrato, tive a sorte de seguir com o navio e fazer o que chamamos de “CROSS”, que é o mesmo que cruzar o atlântico à bordo.
Antes, ao pararmos em Miami, o navio fez um “OVER NIGHT”, ou seja, teve que dormir no porto e passar 02 dias, o que foi a perdição de todos os tripulantes, já que as reservas de dinheiro foram embora com o paraíso das compras que é Miami. A Ocean Drive, rua da South beach é onde a noite agita. Muitos restaurantes e boates. Fui num Shopping chamado de Bayside, se eu não me engano, e tinha uns preços absurdos, por exemplo, um tênis Nike Shox, que no Brasil custa em média R$ 600,00, lá estava por US$ 100,00 e ainda levava outro par de tênis mais barato da Nike. Camisa Tommy básica a US$ 9,00. Realmente uma perdição do consumo. Tinha Hooters lá também, com boa comida, frutos do mar, caranguejo gigante e aquelas garçonetes sexys, das camisetas regatas e shortinho do É o Tchan, muito legal também.

  • Hooters - Bayside






Finalmente, com as malas cheias e os bolsos vazios, partimos para Europa, 05 dias à frente, próxima parada... Ponta Delgada, arquipélago dos Açores, Portugal.

Até lá!

Renato Cunha

 

 

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